26 setembro, 2024

bomba de ferro


Bomba de Ferro
 
Aos teus olhos em esplanada
atraca rio e foz
marítimo pontilhismo
fotão entrelaçado, cem nós,
barco em rescaldo não é barco.
 
Serpeias na botânica da memória
os gouvos que acolhem e agora encolhem
não ouves o inflamado discurso dos cães
nem a apneia do Bob
hino dos prados, só
besouros, o túnel das migas,
esboroada broa escalfada em nervura de pedra.
 
A minha primeira água,
o meu primeiro poço,
a minha primeira bomba
de ferro
desmantelada pelo antiquário implacável
causídico do balde e da corda eterna.
 
É a vida o que acontece?
 
Corda, óleo e linhaça
humano artesanato
abstrato e concreto
feito e feitiço
 
Letra morta de cisne
longa metragem realmente realista
existências terrenas a bordo
do Centro Comercial Caronte
Pub: “Esqueça o dinheiro!!! Pague com a Vida!!!
 
 
Aurelino Costa