25 agosto, 2024

busca-polos


Se fosse Apolo
comprava um busca-polos
iluminava o mundo inteiro.
 
Deus deu em arisco e retirou-se
para o escuro onde vive com medo
que a malta das fardas lhe dê um tiro
 
Que jasmim corcunda sepultará os corpos das crianças?
Que mães virão depois de mortas para os acordar?
 
Deu em casquilho, e dele só cascas no umbigo
e nenhum agasalho!
Pobre despido!, anseia uma lâmina cortadeira
do desprezo a que nos submete o poder?, já não o fálico
o da fala com orçamentos de guerra.
 
Já não há orçamentos para a paz, só novas câmaras de gás
apontam às faixas de Gaza,
que se gazificam em Auschwitzs por aqueles que mortificaram
a sua própria esperança de serem livres.
 
Só a morte corresponde aos encargos da memória
onde os memoriais se compram e vendem a qualquer preço
e quadrante da História dos povos.
 
Utensílios de rebanho e sacristia
ascendem ao mesmo missal: o
da escuridão e nada mais!
 
Onde páras luz dos milagres e da transcendência?
Serás um verbo transitivo sem esperança?
Ou um depósito de capela d'ossos intransitivos?
 
O que de vós ficará será a penumbra sem pele
no corpo das mães!,
o petróleo e a maior ferocidade do irracional!
 
Filhos da puta!
 
 
Aurelino Costa