31 agosto, 2024

Ouvindo um além


O som de fundo redivive outros
quando se entra no lagar.
Dona Gracinda funileira 
dá experiências à nora
chora a água que dela
não jorra.
 
Ouvindo um além no estar prensando
pensando que a cotovia era um poeta
abriu-lhe a porta,
ela não entrou nem fugiu, bailou versátil
poisou-se em quadrilátero de pedra.
 
Depois de debicar água permitiu-se uma sarabanda
à volta da lareira
atada a uma meia de vidro
que Gracinda assimilou como folha de Flandres
 
estalou no fogo
 
Vaporizou-se o lagar de um longo nevoeiro
líquido, dissipado em estampa
nos vidros das janelas.
 
 
Aurelino Costa