Mes écrits m’ont permis de retracer comment, au cours des quarante dernières années, avait été perçu le génocide des Juifs, comment la mémoire avait évolué, comment les sociétés ont répondu au fil du temps à l’événement. Dans ma famille, le sujet n’était pas tabou : on évoquait parfois les morts disparus « pendant la guerre ». Mais le sort des Juifs n’était jamais évoqué, ni au lycée, ni dans l’espace public, ni à l’université quand j’y poursuivais mes études. Aujourd’hui, l’ouverture du camp d’Auschwitz est l’objet d’une commémoration internationale avec des cérémonies à l’ONU ou à l’Unesco. Cette mémoire a émergé lentement, d’abord confinée au cercle des survivants. Nous l’analysons dans Les Livres du souvenir. Mémoriaux juifs de Pologne (1983), que j’ai écrit avec Itzhok Niborski. Du côté de l’histoire, mon dernier livre, Itinérances, retrace celle du Centre de documentation juive contemporaine et du Tombeau du martyr juif inconnu, devenu le Mémorial de la Shoah, à Paris. Il rend aussi hommage aux historiens pionniers, comme Léon Poliakov, Saul Friedländer ou Serge Klarsfeld.
Annette Wieviorka
Os meus escritos permitiram-me rastrear a maneira como, ao longo dos últimos quarenta anos, o genocídio dos judeus foi percebido, como a memória evoluiu, como as sociedades responderam ao acontecimento ao longo do tempo. Na minha família, o assunto não era tabu: às vezes evocavam-se os mortos desaparecidos «durante a guerra». Mas o destino dos judeus nunca foi mencionado, nem no ensino médio, nem no espaço público, nem na universidade quando aí prossegui os meus estudos. Hoje, a abertura do campo de Auschwitz é objeto de uma comemoração internacional com cerimónias na ONU ou na Unesco. Esta memória emergiu lentamente, confinada de início ao círculo dos sobreviventes. Analisamos em Os livros da lembrança. Memoriais judeus da Polónia (1983), que escrevi com Itzhok Niborski. Do lado da história, o meu último livro, Itinerâncias, traça a história do Centro de Documentação Judaica Contemporânea e do Túmulo do Mártir Judeu Desconhecido, que se tornou o Memorial do Holocausto em Paris. Também presta homenagem aos historiadores pioneiros, como Léon Poliakov, Saul Friedländer ou Serge Klarsfeld.