El monje y el gato
PANGUR, mi gato blanco, tiene un arte,
y yo poseo el mío.
Para cazar ratones él aguza su ingenio:
yo lo aguzo en mi oficio.
A la fama prefiero este sosiego
y el estudio del libro;
pero el blanco Pangur no se muestra envidioso:
retoza como un niño.
Cuando en la casa estamos los dos solos,
es una historia linda:
cada cual tiene juegos que no acaban,
algo que nos afina.
A veces, un ratón más valeroso
en sus redes se prende;
yo recojo en las mías
alguna ley incierta.
Él no aparta los ojos encendidos
del muro que nos guarda,
y yo fijo los míos, azules, pero débiles,
en la ciencia afilada.
Da brincos de alborozo
cuando un ratón se queda entre sus uñas finas,
y también yo me alegro
si aclaro alguna ley venerada y difícil.
Aunque jugamos siempre,
ninguno la labor del otro impide:
cada cual con su arte
y solo en sus delicias.
(tradução do irlandês de Marià Manent)
O monge e o gato
PANGUR, o meu gato branco, tem uma arte,
e eu possuo a minha.
Para caçar ratos ele aguça o seu engenho:
como eu o aguço no meu ofício.
À fama prefiro este sossego
e o estudo do livro;
Mas o branco Pangur não se mostra invejoso:
Brinca como uma criança.
Quando estamos sozinhos em casa,
É uma história linda:
cada um tem jogos que não acabam,
algo que nos afina.
Às vezes, um rato mais corajoso
ns suas redes fica preso
eu recolho nas minhas
uma lei incerta.
Ele não desvia os olhos acesos
do muro que nos guarda,
e eu fixo os meus, azuis, mas débeis,
na ciência afiada.
Dá saltos de alvoroço
quando um rato fica entre as suas unhas finas,
e também eu me alegro
se esclareço alguma lei venerada e difícil.
Apesar de jogarmos sempre,
Nenhum o trabalho do outro impede:
cada qual com a sua arte
e só nas suas delícias.