11 outubro, 2024

Il tavolo di Schònberg / A mesa de Schönberg



Anxo Pastor

Il tavolo di Schònberg
 
L’immagine della bontà è spesso collegata a un rapporto amichevole e confidenziale con le cose, a una rispettosa familiarità con gli oggetti, a un’attenta e sapiente capacità di maneggiarli con abilità, ma anche con cura e riguardo. La gentilezza rivolta alle persone, agli animali, alle piante si estende, spontaneamente, alle cose, al bicchiere in cui si infila il fiore; la bontà è anche nelle mani, nel modo in cui si tendono verso altre o prendono un portacenere dal tavolo. L’attenzione, è stato detto, è una forma di preghiera, il riconoscimento della realtà oggettiva, di un ordine, di confini; un modo di guardare al di là e al di sopra del proprio Io, di sapere che nessuno è il satrapo tirannico e capriccioso del mondo né può devastarlo a suo arbitrio, come ci accade in quei penosi e impotenti scatti di collera in cui, non potendo distruggere noi stessi, gli altri o l’universo, facciamo a pezzi il primo oggetto che ci viene a tiro. C’è una robusta bontà delle mani, proprio di chi bada all’altro e non si concentra sterilmente solo sulle proprie smanie; assomiglia all’infanzia, la cui fantasia si accende per un sasso o per una scatola di fiammiferi vuota, e assomiglia soprattutto all’arte, che non esiste senza questa sensuale, curiosa e scrupolosa passione per la concretezza fisica e sensibile dei particolari, per le forme, i colori, gli odori, per una superficie liscia o spigolosa, per la rivelazione che può venire dall’orlo della risacca o dal bottone fuori posto di una giacca.
 
 
Claudio Magris
 
 
A mesa de Schönberg
 
A imagem da bondade anda muitas vezes ligada a uma relação amigável e confidencial com as coisas, a uma respeitosa familiaridade com os objetos, a uma atenta e sábia capacidade de os manejar com habilidade, mas também com cuidado e respeito. A amabilidade dirigida às pessoas, aos animais ou às plantas estende-se espontaneamente às coisas, ao copo onde se coloca a flor; a bondade também está nas mãos, na maneira como se inclinam para outras ou pegam um cinzeiro da mesa. A atenção, foi dito, é uma forma de prece, o reconhecimento da realidade objetiva, de uma ordem, de limites; um modo de olhar além e acima do próprio Eu, de saber que ninguém é o sátrapa tirânico e caprichoso do mundo nem o pode devastar a seu bel-prazer, como nos acontece nesses penosos e impotentes arranques de raiva em que, sem nos poder destroçar a nós mesmos, aos outros ou ao universo, despedaçamos o primeiro objeto que se coloca ao alcance. Existe uma robusta bondade das mãos, precisamente de quem se preocupa com os outros e não se concentra esterilmente apenas nos seus anseios; assemelha-se à infância, cuja fantasia é acesa por uma pedra ou uma caixa de fósforos vazia, e é parecida sobretudo à arte, que não existe sem essa paixão sensual, curiosa e escrupulosa pela concreção física e sensível dos detalhes, pelas formas, as cores, os odores, por uma superfície lisa ou áspera, pela revelação que pode vir da borda da ressaca ou do botão cosido torto num casaco.