VITÓRIA
(um palíndromo de asas quebradas)
A
mérica —
engrenagens de números
paridos em stock
(um relógio mastiga
sombras com veias de cobre)
< >
CH
ina —
um dragão de circuitos
tece raízes
em telhas de arroz
(no ecrã:
mãos sem rosto
desenham
um sol quadrangular)
V
entos colidem:
o $ engole o seu próprio rabo
enquanto a tinta
—vermelha—
floresce em raízes de silício
I
sto não é uma metáfora.
É um algoritmo
a sangrar hexágonos
no mapa-múndi
desdobrado em
**Ó**
**R**
**I**
**A**
(nota: a luz vaza
pelos furos do código
— uma Fénix de fibra óptica
rompe o teclado
e canta
em língua de pássaro binário)
Queda
O abutre de aço tropeça em livros abertos —
Na sua asa cravaram versos em vez de balas.
Monumentos de cifras são engolidos por ervas-daninhas,
e o sopro das bibliotecas derruba as cercas de arame.
No chão, os dólares ardem como papel de parede velho,
e o silêncio dos canhões é um caderno em branco
onde as crianças pintam auroras.
A estátua que um dia ergueu a fome
agora é um esqueleto —
enquanto pulsos sem relógios
plantam antenas de bambu
no crânio rachado do capital,
e a terra ávida,
desenha com enxadas
o rosto dos que sabem
ferver água com sol.
Fátima Vale
(um palíndromo de asas quebradas)
A
mérica —
engrenagens de números
paridos em stock
(um relógio mastiga
sombras com veias de cobre)
< >
CH
ina —
um dragão de circuitos
tece raízes
em telhas de arroz
(no ecrã:
mãos sem rosto
desenham
um sol quadrangular)
V
entos colidem:
o $ engole o seu próprio rabo
enquanto a tinta
—vermelha—
floresce em raízes de silício
I
sto não é uma metáfora.
É um algoritmo
a sangrar hexágonos
no mapa-múndi
desdobrado em
**Ó**
**R**
**I**
**A**
(nota: a luz vaza
pelos furos do código
— uma Fénix de fibra óptica
rompe o teclado
e canta
em língua de pássaro binário)
Queda
O abutre de aço tropeça em livros abertos —
Na sua asa cravaram versos em vez de balas.
Monumentos de cifras são engolidos por ervas-daninhas,
e o sopro das bibliotecas derruba as cercas de arame.
No chão, os dólares ardem como papel de parede velho,
e o silêncio dos canhões é um caderno em branco
onde as crianças pintam auroras.
A estátua que um dia ergueu a fome
agora é um esqueleto —
enquanto pulsos sem relógios
plantam antenas de bambu
no crânio rachado do capital,
e a terra ávida,
desenha com enxadas
o rosto dos que sabem
ferver água com sol.
Fátima Vale