06 dezembro, 2025

Beauté de ce monde / Beleza deste mundo

 

Anxo Pastor


Beauté de ce monde
 
à Léon-Paul Fargue
 
Rien n’obscurcira la beauté de ce monde.
Les pleurs peuvent inonder toute la vision. La souffrance
peut enfoncer ses griffes dans ma gorge. Le regret,
l’amertume, peuvent élever leurs murailles de cendre,
la lâcheté, la haine, peuvent étendre leur nuit,
Rien n’obscurcira la beauté de ce monde.
 
Nulle défaite ne m’a été épargnée. J’ai connu
le goût amer de la séparation. Et l’oubli de l’ami
et les veilles auprès du mourant. Et le retour
vide, du cimetière. Et le terrible regard de l’épouse
abandonnée. Et l’âme enténébrée de l’étranger,
mais rien n’obscurcira la beauté de ce monde.
 
Ah ! On voulait me mettre à l’épreuve, détourner
mes yeux d’ici-bas. On se demandait : « Résistera-t-il ? »
Ce qui m’était cher m’était arraché. Et des voiles
sombres, recouvraient les jardins à mon approche
la femme aimée tournait de loin sa face aveugle
mais rien n’obscurcira la beauté de ce monde.
 
Je savais qu’en dessous il y avait des contours tendres,
la charrue dans le champ comme un soleil levant,
félicité, rivière glacée, qui au printemps
s’éveille et les voix chantent dans le marbre
en haut des promontoires flotte le pavillon du vent
Rien n’obscurcira la beauté de ce monde.
 
Allons ! Il faut tenir bon. Car on veut nous tromper,
si l’on se donne au désarroi on est perdu.
Chaque tristesse est là pour couvrir un miracle.
 
Un rideau que l’on baisse sur le jour éclatant,
rappelle-toi les douces rencontres, les serments,
car rien n’obscurcira la beauté de ce monde.
 
Il faudra jeter bas le masque de la douleur,
et annoncer le temps de l’homme, la bonté,
et les contrées du rire et la quiétude.
Joyeux, nous marcherons vers la dernière épreuve
le front dans la clarté, libation de l’espoir,
rien n’obscurcira la beauté de ce monde.

 
Ilarie Voronca
 
 
Beleza deste mundo 

Nada escurecerá a beleza deste mundo.
Podem as lágrimas inundar toda a visão. O sofrimento
pode enterrar as suas garras na minha garganta. O arrependimento,
a amargura, podem levantar as suas muralhas de cinzas,
a covardia, o ódio, podem expandir a sua noite,
Nada escurecerá a beleza deste mundo.
 
Nenhuma derrota me foi poupada. Conheci
o gosto amargo da separação. E o esquecimento do amigo
e as rezas à volta do moribundo. E o regresso
vazio, do cemitério. E o terrível olhar da esposa
abandonada. E a alma enevoada do estrangeiro,
mas nada escurecerá a beleza deste mundo.
 
Ah ! Queriam por-me à prova, desviar
os meus olhos do chão. Pensámos : «Resistirá ele?»
O que me era querido foi-me arrancado. E véus
escuros, cobriam os jardins à minha aproximação
a mulher amada voltou ao longe o seu rosto cego
mas nada escurecerá a beleza deste mundo.
 
Ah ! Queriam por-me à prova, desviar
os meus olhos do chão. Pensámos : «Resistirá ele?»
O que me era querido foi-me arrancado. E véus
escuros, cobriam os jardins quando estava a chegar
a mulher amada voltou ao longe o seu rosto cego
mas nada escurecerá a beleza deste mundo.
 
Eu sabia que por baixo havia contornos tenros,
a charrua no campo como um nascer do sol,
felicidade, rio gelado, que na primavera
desperta e as vozes cantam no mármore
em cima de promontórios flutua a bandeira do vento
Nada escurecerá a beleza deste mundo.
 
Vamos ! Temos que aguentar. Porque nos querem enganar,
Se nos entregarmos à desorientação, estamos perdidos.
Toda a tristeza está aí para cobrir um milagre.
 
Uma cortina que descemos sobre o dia brilhante,
lembra-te dos doces encontros, dos juramentos,
porque nada escurecerá a beleza deste mundo.
 
Será preciso esconder a máscara da dor,
e anunciar o tempo do homem, a bondade,
e as regiões do riso e da quietude.
Alegres, caminharemos para a última prova
a testa na claridade, libação da esperança,
nada escurecerá a beleza deste mundo.