12 dezembro, 2025

Virgílio Liquito

VIRGÍLIO LIQUITO
fechou a permanência no dia da GREVE GERAL
 
Pela infinitésima desvez, arrancou as vísceras aos palaferneiros do poder
e escreveu, em bronze,
que é como quem diz MERDA:
Trabalhai, fudeibos!
 
Tic — Coração — Tac — Intestino — Tic.
URROU. GANIU. ESCOICEOU.
E desfez-se do sevandija.
 
Desligou o fogão.
Desligou o país.
Desligou o pacto da obediência com a estreita carcaça do efémero.
 
Na sua lápide, escrever-se-á:
 
          VIRGÍLIO LÍQUITO
          EM GREVE GERAL.
               FUDEIBOS!
TRABALHAI ATÉ QUE O BOI REBENTE.
 
Louvado seja o poeta que berrou o absurdo para dentro das cloacas do despautério,
onde a verdade se espreme, escorre, apodrece, renasce!
 
Metáforas intestinas;
de cálculos de rim-tim-tim.
 
Ouves? Esse rebanho momentaneamente desperto,
pendurou-se nas costelas do país
para não desabar no abismo que já lhes roía os calcanhares.
 
Ei... Ali vai ele... lá longe, no céu mal pago, a voar...
 
           Vir-gí-li-oooooo...
       (Ficamos de virgília.)
 
  TROVÃO PENSIONISTA DAS ESTRELAS!
 
Que a noite te pague os retroactivos do Silêncio!
 
Que a eternidade te lamba com a sua língua morna!
 
(Sussurro.) Até logoooo, meu menino.
 

Fátima Vale