06 maio, 2001

abriste o silêncio e reparamos


abriste o silêncio e reparamos
a tua mãe a nascer levantando
a cabeça devagar
 
era difícil
naquele vestido de bolas pretas e brancas
voltar ao areal atlântico, à península
dos desejos sem disciplina
estando o filho a ver
 
quanto mais o silêncio era fundo
mais percebíamos que não olhasses a tua
mãe
de frente,
gritasses: ó fuga, ó fuga,
que escuna para sair?
 
e ser nesse choro que ainda mais
a tua mãe nascia
rio, mar: filho, vem,
deixa essa jangada que transporta o equívoco
com roupas de solidão
 
 
alberto augusto miranda