08 maio, 2001

de não sentires o que lembras


é inverno
tens o rosto na doença de lembrar
 
a dor
de não sentires o que lembras
 
um bicho abrindo o escape das asas:
em polpa o bailado
cinzento e fugaz
 
onde a vulva não voa
e o pássaro não mexe
 
choro enorme
 
no estertor da neve
recolhida para escrever
o coração
 
tudo muito branco,
um sentido sem sentido
um vestido preto
 
um naipe de dentes
a ninguém
 
 
alberto augusto miranda