02 fevereiro, 2001

Morna


 
mais que o silêncio,
a pedra,
clausura ao procurante
 
ninguém está aqui onde me vês!
 
encarnar o pai, destê-lo
tão mais próxima da boca imaginosa
é a palavra que o mata,
herança
 
dizer olha o nosso nome de nada
 
vem ó enluvada erotina
apalpar deus nas fissuras das pedras
 
como dizente: chova de áfrica, de muita
nos escravos atados aos vinte,
os negócio, os cavalo do brasil  
 
olha o nosso nome de nada  
de onde veio de nada
para onde foi de nada
 
chova, menino, fica para além
desta casa foge, na braba
só oiço paulino vieira gemer
 
aos grossos da possidónia
aos platinados das rampas
aos frutícolas de alcabideche
 
como um pico que fosse de almeirim
estivesse sem estar na esperança
de abrir o mundo devagar
com a certeza de estar enganado
 
no dé-ci-dé do noivado
do corpo bonito zoando espírito
eu agacho a palavra para cê passar
acima da semântica como nova
 
o pai desiderou você linda
encaixou em folha de livro sua novela
para exemplo - o nome veio
para foder o nome de onde veio
 
mãããããããããããeeeeeeeeiiiiiiinha,
estertora, filha, abre a boca de morrer
como um charco, deixa errar,
só a ponta, mata, sou o antes,
não peças obscuras,
sossega
 
 
alberto augusto miranda