06 outubro, 2006

recinto do algaço


Um cisne cego corre em deslize até ao animal sentado. A córnea extrema engole a dose de pão molhado, anterior. Na mesa de latão, escreves a noite, o movimento da água a ferver. Pela ravina do braço, uma vertigem de roupa branca tonaliza o cascalho. Limos e arrancamentos, retumba incessante o recinto do algaço. Vais presenciando o pão anterior a ser embrulhado em papel, livre a comida, as portentosas árvores perdem peso e império.

Arde uma solfa, enche-se a vegetação de estragos gerais. Uma flor-de-enxofre conduz ao buraco os encantados. O território e o povoamento do espelho repicam nos cobres distantes. Penetra o fungo na hipertermia dos silícios de açúcar. O chão de terra está pavimentado por cascas onde se jardinam os unguentos. Descida a rampa, o pavio muda de mão. Volve o abandono à cera.

Repetes, voltas à fome.

alberto augusto miranda