30 agosto, 2023

glandura

 
glandura
 
ouriçam faros em tapetes de castanha
enquanto escorridos dorsos fumegam
empolam nos ventres salpicos
de raposas que lemam
nesses rios de vento
 
lambuzam pela nuvem que sobe
enquanto javalis desolham vermelho
com resvalos duplicados
de cogumelos
 
ressacodem corpos a pelúcia
de rocha na hipnose cortada
de sol a derramar
o clive do ser
declive ao des-ser
 
penedos filtram sémen
de onde descolam águias
tingidas ao augurar vertigem
 
pinheiros partem braços
ao futurar abraço de brasa
e três hélices misturam
tempo na fenda da cabeça
 
o turbinal que sacode
o período de seiva
o período eolítico


Bruno Miguel Resende