08 novembro, 2025

Fallende Krankheit / Doença da queda

 
Anxo Pastor


Fallende Krankheit
 
Du spieltest. Und als der Ball,
längst schon zurückgekehrt, am Boden rollte,
standest du noch, die Hände vor dir ausgestreckt,
und schautest hoch ins Blau.
Nicht das Vieh,
das aus den offnen Ställen dich erkannte
und nach Futter brüllte,
noch der Hund,
der liebend sich des Spiels bemächtigte,
ward mehr von dir gehört;
du an ein Ding Verlorener.
Auch war nur eine Magd im Hause.
Die tat kaum einen Blick an dir vorbei
und glaubte, daß ein Vogel über deinem Haupte
so schauen machte.
Es kamen Tauben auf deine leeren Hände
und gurrten um den Hals
wie Wolken, die der Abend zu dir niederließ.
Der Hahn rief.
Und ein Pfau trug sich an dir vorbei.
Dann fielst du wie ein Herbstblatt in den Sand.
Und als sie kamen,
schienst du wie ein Toter keinen Namen mehr
zu brauchen. Du lagst und schliefst.
Und seither schläfst du Nacht um Nacht
in ihrer Mitte.
Und bei Tag bist du ein Marmelstein;
schon geädert.
 
Wehe aber deinem Geist in dir,
der mit dir Ball spielt.
So hoch, daß viele Stunden
fern die Hände nach dir halten,
bis daß du fällst und alles weicht vor dir.
Ob du zerschellt bist?
Sie nahen wieder. Nein die Welt in dir
zerbricht nicht mehr.
 
 
Regina Ullmann
 
 
Doença da queda
 
Brincaste. E quando a bola,
muito depois, rolava pelo chão,
estavas ainda de pé, com as mãos estendidas,
olhando o céu azul.
Não ouvias já os animais,
que nos estábulos abertos se apercebiam da tua presença
e baliam pedindo comida,
nem o cão,
que, seduzido pelo jogo, o guardava só para si;
tu, atordoado por alguma coisa.
E só havia uma empregada na casa
que mal olhou para ti
e acreditou que sobre a tua cabeça um pássaro
olhava em redor.
Pombas pousaram nas tuas mãos vazias
e arrulharam à volta do teu pescoço
como nuvens que o entardecer depositou em ti.
O galo cantou.
E um pavão cruzou-se contigo.
Então caíste na areia como folha de outono.
E quando chegaram,
parecias um morto, sem precisão de
nome. Jazias e dormias.
A partir daí dormes todas as noites
no meio deles.
Durante o dia és uma pedra de mármore;
já venado.
 
Mas ai do espírito que albergas,
que joga contigo à bola!
Tão alto que muitas horas
estendem as mãos para ti
até caíres e tudo se dissipar diante de ti.
Será que te partiste em mil pedaços?
Aproximam-se novamente. Não, o mundo que abrigas
não se quebra mais.