29 março, 2025

observatório aberto sobre o autoritarismo

 

Per la costituzione di un Osservatorio sull’autoritarismo aperto e permanente

Fino al 1924, scriveva Piero Calamandrei, resse «la generosa illusione della libertà che si difende da sé, come una forza di natura. Non fu «viltà o debolezza, fu disorientamento ed errore di gente onesta e civile» davanti all’insediarsi di «un’anemia critica», di una «stomachevole uniformità di tutti i giornali», di una «ributtante retorica, tracotante e menzognera, penetrata come un contagio», che aveva «reso insopportabile alle persone di buon gusto perfino il titolo di certi giornali».

Nello stesso disorientamento ed errore rischiamo di cadere oggi davanti ai continui spostamenti di soglia che erodono in molti modi lo spazio democratico: con la criminalizzazione del conflitto, l’incattivimento dei linguaggi, la compressione della libertà di espressione e manifestazione; con un’ideologia della sorveglianza che si vorrebbe pervasiva in scuole, università, esercizi pubblici e luoghi di lavoro; con un’ipertrofia punitiva che introduce ogni giorno nuovi reati e fattispecie di reato, per un totale di 417 anni di carcere aggiunti nell’ordinamento giuridico penale nei soli primi due anni di governo dell’attuale maggioranza. Misure che – dal decreto “Rave” al ddl “Ecovandali”, dal ricorso al “reato universale” alla disseminazione di “Daspo urbani” e “zone rosse” – conducono al coacervo di norme passibili di incostituzionalità raccolte nel ddl detto “Sicurezza”.

Ci preoccupano la palese insofferenza dell’esecutivo nei confronti dei limiti che la Costituzione pone all’esercizio del potere; la costruzione di riforme lesive della democrazia parlamentare, della Presidenza della Repubblica, del bilanciamento e della separazione dei poteri, dell’autonomia della Magistratura; l’uso reiterato della decretazione d’urgenza e di norme eccezionali come pratica di governo, fino a superare, con l’introduzione di 84 decreti legge, la precedente legislatura, dove tuttavia due governi (Conte-II e Draghi) si sono trovati ad affrontare la crisi pandemica.

Lo scivolamento da uno stato di emergenza temporaneo a uno stato di eccezione strutturale avviene sulla scorta di una raffigurazione mediatica che crea nemici e capri espiatori tra le persone meno tutelate ed enfatizza la percezione del rischio, giustificando e rendendo senso comune una politica di riduzione dei diritti e degli spazi di agibilità.

Per questo abbiamo deciso, in quanto cittadini, docenti, giuristi, intellettuali, operatori dell’informazione, di dar vita a uno spazio aperto e permanente di riflessione, analisi e testimonianza sulla progressione verso forme autoritarie in Italia, viste nel contesto europeo e internazionale.

Pensiamo a una costellazione di luoghi fisici e virtuali di presa di parola, raccolta documentale, messa agli atti storiografica del tempo che stiamo vivendo, che ci interpella e che ci affida una responsabilità davanti alle manifestazioni degenerative dell’autorità legittima.

Il primo passo saranno tre giornate di studio organizzate da Libertà e Giustizia e Castelvecchi Editore in collaborazione con l’Università La Sapienza di Roma, l’Università Statale di Milano e l’Istituto Universitario Europeo di Firenze, che vedranno come relatori studiosi ed esperti italiani e internazionali, per delineare letture capaci di connettere vari ambiti – storico, sociale, giuridico, costituzionale, culturale, mediatico – e individuare forme di resistenza culturale davanti alla crisi dello Stato di diritto.

In particolare, la giornata di Roma sarà articolata sulla crisi della democrazia rappresentativa, i fondamenti normativi della post-democrazia e la manipolazione della memoria storica nelle forme di populismo autoritario; la giornata di Milano sul rapporto tra sovranità e diritti umani, crisi dello stato di diritto, a-fascismo come progetto di svuotamento della democrazia costituzionale; la giornata di Firenze sulla democrazia al tempo dell’intelligenza artificiale e degli algoritmi.

L’obiettivo è gettare le basi per la creazione di un archivio che raccolga documenti, materiali, analisi e proposte sulle tendenze autoritarie in atto: dai nuovi scenari posti dall’erosione dei principi costituzionali di eguaglianza e solidarietà alle espressioni di una società della sorveglianza; dalla distruzione del welfare e delle garanzie del lavoro alla marginalizzazione dei poveri e all’incrudelimento delle politiche migratorie e di accoglienza; dall’avvento in Europa e nel mondo di regimi postdemocratici al progressivo restringimento degli spazi di libertà e partecipazione attiva.

Non pensiamo a un’iniziativa accademica, e nemmeno militante. Pensiamo l’archivio come strumento conoscitivo, apertura di spazi di analisi, formazione e informazione, capace di attivare e rendere accessibile a un pubblico più vasto il dialogo tra specialisti, intellettuali e società civile, con particolare attenzione alle nuove generazioni. L’obiettivo è giungere a sintesi condivise, progettualità, denuncia politica e, quando necessario, giudiziale, nel dialogo con le istituzioni democratiche europee e internazionali che vigilano sullo Stato di diritto.

La democrazia costituzionale, per riprendere Calamandrei, non si difende da sé, ma ci offre gli strumenti normativi per difenderla.

 

Pela criação de um observatório aberto e permanente sobre o autoritarismo

Até 1924, ou seja, até à vitória do fascismo, segundo o homem de letras e deputado Piero Calamandrei, manteve-se "a generosa ilusão da liberdade que se defenderia por si mesma, como uma força da natureza". Durante a ascensão do fascismo, não houve "desorientação nem erro por parte das pessoas honestas e civilizadas", mas "covardia e fraqueza", instalaram-se em uma postura de "anemia crítica" diante da "repugnante uniformidade de todos os jornais" e da "retórica repugnante, arrogante e mentirosa, que se tinha infiltrado por todo o lado como um vírus" e que tinha "tornado até os títulos de alguns jornais insuportáveis às pessoas de bom gosto".

Corremos o risco de cair na mesma desorientação e no mesmo erro hoje, enquanto muitas etapas são ultrapassadas que corroem nosso modelo democrático: com a criminalização do conflito, a ferocidade da linguagem, o pôr em causa a liberdade de expressão e o direito de manifestação; com uma ideologia da vigilância que se quer impor nas escolas, universidades, estabelecimentos públicos e locais de trabalho; com uma hipertrofia punitiva que introduz diariamente novos crimes e delitos - no total, durante os dois primeiros anos do governo de Giorgia Meloni, foram pronunciados 417 anos adicionais de penas de prisão, e que vão pesar no sistema prisional. Medidas que, desde a proibição das raves do projeto de lei "eco-vândalos" que visa os ativistas do clima tomando posse de certos monumentos históricos, da requalificação da gestação por terceiros como "crime universal" à banalização da criação de zonas de exclusão na cidade que limitam o direito de manifestar, vemos somar-se às demais regulamentações que poderiam ser consideradas inconstitucionais, e que foram instauradas sob o pretexto de "segurança".

Estamos preocupados com a evidente indiferença do executivo em relação aos limites que a constituição impõe ao exercício do poder; com a elaboração de reformas prejudiciais à democracia parlamentar, à presidência da República, ao equilíbrio e à separação dos poderes, assim como à autonomia do poder judicial; pelo uso repetido de decretos de urgência e de regulamentos excepcionais erigidos em modo de governo. O atual executivo ultrapassou, com a introdução de 84 novos decretos-lei, a legislatura anterior, durante a qual dois governos (Giuseppe Conte-II e Mario Draghi) tiveram que enfrentar, notemos, a crise pandémica.

O deslizamento de um estado de emergência temporária para um estado de exceção estrutural é acompanhado por uma reconfiguração dos meios de comunicação, que designam inimigos e bodes expiatórios entre as pessoas menos protegidas e amplificam a perceção das ameaças, justificando e fazendo passar por razoável uma política de redução dos direitos e dos espaços de liberdade.

Por isso decidimos, como cidadãos, professores, juristas, intelectuais, trabalhadores da informação, criar um espaço aberto e permanente de reflexão, análise e testemunho sobre a progressão das formas autoritárias na Itália, Colocando-as no contexto europeu e internacional.

Pensamos numa constelação de lugares físicos e virtuais de expressão, coleta de documentos, registos historiográficos do tempo que vivemos, que nos interpela e nos confia uma responsabilidade frente ao declínio manifesto da autoridade legítima.

A primeira etapa será constituída por três jornadas de estudo organizadas pela Libertà e Giustizia e Castelvecchi Editore em colaboração com a Universidade La Sapienza de Roma, a Universidade do Estado de Milão e o Instituto Universitário Europeu de Florença. Acadêmicos e especialistas italianos e internacionais intervirão para esboçar leituras capazes de conectar diferentes esferas - histórica, social, jurídica, constitucional, cultural, mediática - e identificar formas de resistência cultural à crise do Estado de direito.

Mais precisamente, a jornada de Roma será articulada em torno da crise da democracia representativa, dos fundamentos normativos da pós-democracia e da manipulação da memória histórica pelo populismo autoritário; a jornada de Milão em torno da relação entre a soberania e os direitos humanos, a crise do Estado de direito, o fascismo como projeto de evasão da democracia constitucional; a jornada  de Florença em torno da democracia na hora da inteligência artificial e dos algoritmos.

O objetivo é estabelecer as bases para a criação de arquivos que reunirão documentos, materiais, análises e propostas sobre as tendências autoritárias atuais: inventar novos cenários para responder à erosão dos princípios constitucionais de igualdade e solidariedade, mas também à instauração de uma sociedade de vigilância; opor-se à destruição das conquistas sociais, à marginalização dos pobres e ao endurecimento das políticas de imigração e acolhimento; refletir sobre o advento de regimes pós-democráticos na Europa e no mundo e a diminuição progressiva dos espaços de liberdade e de participação democrática ativa.

Não pensamos numa iniciativa académica ou sequer militante. Concebemos os arquivos como uma ferramenta cognitiva, abrindo espaços de análise, formação e informação, capazes de ativar e tornar acessível a um público mais amplo o diálogo entre especialistas, intelectuais e sociedade civil, com especial atenção para as novas gerações. O objetivo é chegar a uma síntese compartilhada, projetar-se, conduzir um trabalho de denúncia política e, se necessário, ações judiciais, em diálogo com as instituições democráticas europeias e internacionais que zelam pelo Estado de direito.

A democracia constitucional, para parafrasear Piero Calamandrei, não se defende a si mesma, mas fornece-nos os instrumentos normativos para a defender.