Lava em Estado de Ave
No lugar da fúria, um rio subterrâneo:
a boca, pétala de girassol nocturno,
soletra sementes de um amor desconhecido
não sabe se é Fénix ou minhoca — arde na costela.
O pai
repousa na cama-berço de silêncio.
Ferrugem em néctar, a lei
agora: um fóssil que floresce na bacia
de argila. A sombra, insubmissa,
refresca o ar que os pulmões herdaram
como asa.
Entre dois abismos, invento
a gramática do músculo que sustenta
o céu caído. Ternura sem sujeito:
gravidade vestindo as feridas,
íman que não interroga.
O amor escorre
entre os dedos da memória,
líquido e sem nome —
como a luz que persiste
no olho fechado da pedra.
Nenhum desengano resiste
ao eclipse do que somos.
Na palma da mão, além da tempestade,
o amor é um segredo no sangue:
algo que nasce da poda
e não se extingue.
°
°
°
Fátima Vale
No lugar da fúria, um rio subterrâneo:
a boca, pétala de girassol nocturno,
soletra sementes de um amor desconhecido
não sabe se é Fénix ou minhoca — arde na costela.
O pai
repousa na cama-berço de silêncio.
Ferrugem em néctar, a lei
agora: um fóssil que floresce na bacia
de argila. A sombra, insubmissa,
refresca o ar que os pulmões herdaram
como asa.
Entre dois abismos, invento
a gramática do músculo que sustenta
o céu caído. Ternura sem sujeito:
gravidade vestindo as feridas,
íman que não interroga.
O amor escorre
entre os dedos da memória,
líquido e sem nome —
como a luz que persiste
no olho fechado da pedra.
Nenhum desengano resiste
ao eclipse do que somos.
Na palma da mão, além da tempestade,
o amor é um segredo no sangue:
algo que nasce da poda
e não se extingue.
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Fátima Vale