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a vida espectral
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L’agencement technico-économique des corps
Baisser de rideau sur les arts de faire
L’histoire de la technique a pris fin en 1769. Cette année-là, fut brevetée la machine à vapeur de James Watt. La qualité unique du dispositif tenait à sa production d’une puissance d’énergie sans commune mesure avec celle déployée par les précédents prototypes, et de façon continue, permise par une boucle de rétroaction qui entraînait une forme d’autorégulation et d’autonomie fonctionnelle. Il s’opère une rupture : un soudain surcroît prothétique, entièrement indépendant des variations climatiques et d’une ampleur telle que jamais l’humanité n’en avait connu jusque-là. Dorénavant, ces procédés se trouvent à la disposition de quiconque aurait les moyens de les acquérir. Dès lors, s’ensuit une complète redéfinition de la mission et de la place du corps dans la fabrication manufacturière. Il s’agit moins d’exercer une pratique acquise en vue de réaliser des tâches ou de confectionner des biens, que de veiller, par toute une série de gestes, au bon déroulement de l’appareillage. Soit un agencement qui entraîne une conséquence majeure : le geste se voit privé de toute initiative personnelle et ne fait plus maintenant que répondre aux nécessités de la machine ou s’accorder à sa cadence.
À l’image de l’ouvrier chargé d’introduire à un rythme soutenu des lots de charbon dans la chambre à combustion afin d’assurer sa régularité, occupant à présent une position devenue seconde – ou secondaire. Le corps se trouve comme mis à distance du mécanisme, qui procède désormais selon ses propres lois et n’a besoin de lui que comme un levier destiné à l’alimenter, inaugurant ainsi l’ère de la primauté fonctionnelle – mais aussi symbolique – de la technique. En cela, se produit un renversement de sa nature, n’étant plus constituée d’un registre d’outils, en constante évolution, destinés à nous permettre, par leur utilisation, d’agir de façon plus aisée sur le réel ; c’est l’humain qui se voit relégué au rang d’instrument, au milieu d’une chaîne faite d’autres instruments auxquels il doit s’ajuster suivant des logiques qu’il ne maîtrise plus. De force active grâce à l’usage de sa palette d’ustensiles, il ne devient plus qu’un rouage, parmi d’autres, au sein d’un complexe devenu plus grand que lui et qui le dépasse.
Eric Sadin
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O arranjo técnico-económico dos órgãos
Baixar o pano sobre as artes de fazer
A história da tecnologia terminou em 1769. Nesse ano, foi patenteada a máquina a vapor de James Watt. A qualidade única do dispositivo advinha da produção de uma potência de energia incomparável à desenvolvida pelos protótipos anteriores, e de forma contínua, possibilitada por um circuito de retroalimentação que implicou uma forma de autorregulação e autonomia funcional. Operou-se uma ruptura: um súbito acréscimo protético, inteiramente independente das variações climáticas e de uma magnitude que a humanidade nunca tinha conhecido antes. A partir daí, tais processos passaram a estar à disposição de quem tivesse meios para os adquirir. Desde então, seguiu-se uma redefinição completa da missão e do lugar do corpo na produção. Trata-se menos de exercer a prática adquirida para a execução de tarefas ou de fabrico de bens, do que de garantir, através de toda uma série de acções, o bom funcionamento do equipamento. Ou um acordo que leva a uma consequência principal: Ou seja, um arranjo que leva a uma consequência maior: o gesto fica privado de qualquer iniciativa pessoal e agora limita-se a responder às necessidades da máquina ou a sintonizar-se com a sua cadência.
À imagem do operário responsável pela introdução, a um ritmo sustentado, de lotes de carvão na câmara de combustão para garantir a sua regularidade, ocupando agora uma posição tornada segunda – ou secundária. O corpo está posto à distância do mecanismo, que funciona, a partir daí, segundo as suas próprias leis e só precisa dele como alavanca destinada a alimentá-lo, inaugurando assim a era da primazia funcional – mas também simbólica – da técnica. Aí ocorre uma inversão da sua natureza, deixando de ser constituída por um registo de ferramentas, em constante evolução, destinadas a permitir-nos, através da sua utilização, agir mais facilmente sobre a realidade; é o humano que se vê relegado à categoria de instrumento, no meio de uma cadeia composta por outros instrumentos aos quais tem se ajustar seguindo lógicas que já não controla. Com força ativa graças ao uso de sua paleta de utensílios, torna-se apenas uma engrenagem, entre outras, no seio de um complexo que se tornou maior que ele e que o ultrapassa.
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