03 abril, 2010

pousio do flibuste


Nos seus revoados da memória assaltante, montava a cavalo como um bicho de contas inconsequentes, danava os ouvidos do suporte com histérias da sua mitofernália, adicionava um verso dulcineico e ia desfazer as feromonas em protões, potrões, para que ao potro conviesse.


O perdício. Com esta cabra na cabeça, ela não via o céu, sempre em transe ignoto, mesmo quando lhe perguntaram do fundo da vagina: ”Cria! Ó Cria! Que queres criar?” Um enorme pau de fósforo projeta as feitiçarias do transpaco adoçando o cenário cavérnico. Não se lembrava de haver luz.

Vem-lhe a infância aos olhos, está muito frio, miam as relentas. Tenta o vácuo pela meia-distância. Enjoa o sal as vezes bastantes para se extinguir. Reverte o aquém ao além, mudando o gado e desaparecendo insetos.

Compreendia quando me sofregavas os mamilos, os poucos para a tua avidez; reduzidos após a maldição, sofriam da ausência que te espicaçava a psicose imberbe: faltava o botão que permitisse variar o mamilo em pénis de êmbolo onde te ressarcisses dos teus diminutos. Foram bastantes anos a tratar de todas as mobílias.

Ouviam-se as cinco facções do galheteiro, a mesa era uma hipotenusa de energias. Nos membros em volta as palavras eram mera televisão, nem se bichanavam parlendas, calavam-se as associações do ouvido, omitiam-se as belezas, não se conseguia existir à mesa. A casa só permitia sonhos, começámos aí a perceber alguma coisa de identidade nacional.

Liam-se tédios com embalo

Uma descalçatez quando se interrompiam os muros. Pancadas, embrulhos sem ventura. A única avença era o instante, corpo de rascunho.

Caralho! Caralho!
Você só me apresenta pessoas que vão morrer.
Apresente-me outra coisa!
Foda-se!


alberto augusto miranda